Projeto entre Embrapa e Sicoob recupera fazenda e a torna produtiva
O histórico da evolução e melhoria de uma área de 75 hectares da Fazenda Granja Santana, situada no município mineiro de Abaeté, foi apresentado em dia de campo realizado no último dia 21 de março. A fazenda, com aptidão leiteira, foi cenário para a implantação de tecnologias da Embrapa com apoio financeiro do Sicoob Credinacional para a recuperação de áreas degradadas e otimização do sistema produtivo, por meio de adoção de técnicas como o Sistema ILP (Integração Lavoura-Pecuária) e seus benefícios, como a ensilagem do milho e do sorgo e a recuperação da produtividade das pastagens.
A área total de 75 hectares foi dividida em cinco piquetes, sendo recuperados ao longo dos últimos sete anos. No início do projeto, em 2017, a produção de leite chegava a 450 litros por dia, sendo 38 vacas em lactação e 68 animais compondo o rebanho. “Hoje, em 2024, a área recuperada na propriedade apresenta alta produtividade, com 45 vacas em lactação que produzem 750 litros de leite diariamente, chegando a um rebanho de 145 animais”, resume o engenheiro agrônomo da Embrapa Milho e Sorgo Sinval Resende Lopes, coordenador do projeto.
Abaixo, conheça os tópicos tratados durante o dia de campo “Diversificação de Renda com Sustentabilidade na Propriedade Rural”, as tecnologias apresentadas pelos pesquisadores da Embrapa e os benefícios já incorporados pelo produtor rural José Augusto Alvarez da Silva, proprietário da Fazenda Granja Santana. “Graças às tecnologias da Embrapa e ao acesso às linhas de crédito, hoje a propriedade gera renda de uma forma sustentável”, resumiu.
Tecnologias adotadas – Fazenda Granja Santana (Abaeté-MG)
2017 a 2024 – Área produtiva de 75 hectares
Engenheiro agrônomo Sinval Resende Lopes – Embrapa Milho e Sorgo
Milho BRS 3046 em consórcio com a braquiária BRS Paiaguás na produção de silagem e formação de pastagem – Integração Lavoura-Pecuária (ILP);
Milho em sistema exclusivo;
Formação do pasto com braquiária BRS Paiaguás;
Sorgo BRS 658 em sistema exclusivo;
Sorgo BRS 658 em consórcio com a BRS Paiaguás para produção de silagem e formação de pastagem (ILP).
“O sistema ILP permite tanto a produção de forragem de qualidade quanto a formação do pasto de qualidade” (Sinval Lopes, Embrapa Milho e Sorgo)
Benefícios econômicos
Maior oferta de pasto na entressafra;
Redução da dependência de forragem;
Maior capacidade de suporte animal;
Melhor manejo da pastagem.
Benefícios da lavoura para a pecuária
Aproveitamento do adubo residual da lavoura pelas pastagens;
Recuperação da produtividade das pastagens;
Maior ganho de peso na época da seca;
Aumento na produção de carne e leite;
Menor incidência de plantas daninhas;
Diminuição de pragas e doenças;
Redução da dependência de forragem na entressafra.
Benefícios da pecuária para a lavoura
Formação de palha para o sistema de plantio direto;
Ciclagem dos nutrientes extraídos das camadas profundas do solo, pelo sistema radicular, que é fasciculado pelas gramíneas;
Aumento de matéria orgânica no solo;
Melhora da infiltração de água pelo solo, diminuindo a erosão;
Maior tolerância das lavouras a estresses hídricos;
Melhora da fauna e flora do solo, em consequência, menor incidência de pragas e doenças.
Manejo de pastagens para uma produção sustentável
Pesquisadora Márcia Silveira – Embrapa Milho e Sorgo
“Tendo a Integração Lavoura-Pecuária como meta, a Fazenda Granja Santana saltou de uma produtividade de 11,8 litros por vaca por dia para 16,6 litros por animal em lactação no mesmo período. Assim, observa-se a importância de se fazer o ‘básico bem feito’, visto que hoje a propriedade ganha com a produção de silagem e com o pasto de qualidade”, explica a pesquisadora. “Pelo fato de adotarem práticas sustentáveis como a Integração Lavoura-Pecuária, estão em um caminho que permite maior produção e um balanço adequado entre as emissões de gases pelos animais e o sequestro de carbono feito pela cobertura vegetal”, completa.
Melhorias no ambiente produtivo proporcionadas pela ILP (Integração Lavoura-Pecuária)
Qualidade química, física e biológica do solo;
Ciclagem de nutrientes;
Quebra no ciclo de pragas e plantas invasoras;
Aumento na produção de biomassa;
Aumento no estoque de carbono no solo;
Infiltração e armazenamento de água no solo.
Márcia Silveira ainda apresentou resultados de pesquisa da Embrapa capazes de auxiliar o produtor rural na tomada de decisões, como o aplicativo Pasto Certo, que permite o manejo correto do pastejo e que traz recomendações de altura específicas para cada planta forrageira.
Dicas da pesquisadora para uma maior produção sob pastejo
Divida seu lucro com seu solo;
Escolha a forrageira correta;
Não economize na semente;
Use adubo com estratégia;
Respeite a capacidade de suporte do seu pasto;
Pasto alto nem sempre é bom;
Use altura para manejar;
Treine sua equipe;
Trate seu pasto como lavoura – Conheça, meça a produção, saiba como e onde melhorar.
Comece…
Controle de plantas invasoras nas pastagens
Pesquisador Maurílio Fernandes de Oliveira – Embrapa Milho e Sorgo
“O controle de plantas invasoras é ação essencial do produtor, assim como o correto manejo das pastagens e o monitoramento constante das plantas invasoras. Em pastagens já implantadas, as plantas invasoras tornam-se de mais difícil controle afetando diretamente a produção destas”, enfatiza o pesquisador Maurílio de Oliveira. Dados da Embrapa mostram que as perdas estimadas ocasionadas pelas plantas daninhas podem, em casos em que não é feito controle algum, chegar a mais de 90%, ficando estas perdas em média de 13% a 15% na produção de grãos.
Nesse contexto, o pesquisador apresentou as principais espécies de plantas invasoras, sejam de folhas largas ou estreitas, os métodos de monitoramento e de controle preventivo – que são os mais eficazes, controlando o problema no seu início – e os métodos de controle com herbicidas. Segundo informações da Embrapa, as plantas daninhas apresentam a capacidade de se adaptar a lugares diversos, sob os mais variados tipos de limitações de crescimento e desenvolvimento. Em razão dessa característica, estas plantas obtêm mais facilmente os recursos naturais necessários (água, luz e nutrientes), tornando-as grandes competidoras em meio às pastagens.
Fonte: Guilherme Viana – Embrapa