Técnica de enfermagem denuncia hospital particular por negligência em pacientes
A técnica de enfermagem Amanda Delmondes Benício, que trabalhava no Hospital São Judas Tadeu, em Cuiabá, registrou um boletim de ocorrências para denunciar irregularidades na unidade.
Segundo ela, Thiago Martins de Souza, de 34 anos, major da PM, é uma das vítimas do suposto descaso na unidade. Thiago morreu em decorrência de complicações da Covid-19, na madrugada deste domingo (04), e segundo a denunciante, o paciente estava saturando e não havia recebido o tratamento correto.
Conforme a profissional de enfermagem, no hospital também faltavam medicamentos e equipamentos necessários para atendimento dos pacientes e muitos estão sendo amarrados porque estão acordando pela falta de sedação.
A técnica de enfermagem disse que tentou comunicar aos donos do hospital sobre a situação que os pacientes estavam passando. Buscou pelas redes sociais, mas suas mensagens não teriam chegado aos donos. Ela então conversou com outras pessoas e pouco depois, foi comunicada de sua demissão.
Sobre o major PM Thiago a denunciante relatou que o paciente dizia que iriam mata-lo. “Thiago falou assim: moça, eles vão me matar aqui dentro eu estou jogado, ninguém vem aqui. Ai foi uma fisioterapeuta foi fazer uma VNI nele. VNI é uma máscara que em alguns lugares estão usando aquela máscara de nadador. Eu não entendo sobre essa máscara, só os fisioterapeutas. Ai ele gritou socorro, aquele socorro abafado, quando eu vi ele estava roxo, saturando 29, eu arranquei a máscara do Thiago, conectei outra máscara nele que joga oxigênio e pedi pra ele pronar, ai fui falando que ia dar tudo certo”, relatou a técnica de enfermagem.
Em um trecho de mensagens trocada pelo próprio policial com outra pessoa num aplicativo de conversas também foi divulgado nesta segunda-feira, mostra o paciente reclamando do atendimento ruim e uma equipe reduzida.
“Muita gente e poucos profissionais. A mulher veio fazer o tem cedo e me esqueceu com o aparelho. Dormi com o trem na cara e soltou parte. Quase afoguei. Soltei sozinho e até agora nada do socorro”, escreveu Thiago, que estava internado desde o dia 12 de março no Hospital São Judas Tadeu. Com o agravamento da doença, ele precisou ser transferido para a UTI do Hospital São Benedito, mas não resistiu e morreu no domingo.
Thiago tinha 34 anos e há 15 anos fazia parte da Polícia Milita, onde atuava como subcomandante do 24º Batalhão.
Segundo a enfermeira, durante a troca do plantão a equipe teria dito, na frente de Thiago, que teriam que deixar um paciente morrer para entubá-lo, e foi o que fizeram. Quando a enfermeira foi hoje ao hospital questionar que os valores devidos a ela não foram depositados, foi mal tratada e decidiu relatar o que viu.
Por meio de nota, o Hospital São Judas Tadeu negou as acusações da ex-funcionária.
Veja a íntegra:
O Hospital São Judas Tadeu vem, nesta oportunidade, negar veementemente todas as notícias veiculadas na data de hoje, 5 de abril de 2021, que envolvem condutas supostamente promovidas em desfavor da saúde dos pacientes.
as acusações espúrias foram proferidas por uma funcionária que trabalhou 50 dias na Instituição, e foi demitida na semana passada justamente por práticas dissonantes com as exigidas pelo Hospital e, por isso, utiliza-se dessa pauta com cunho de promover retaliação e vingança.
É evidente que as afirmações são desprovidas de qualquer fundamento e principalmente provas. Diante da gravidade, o Hospital está empenhado na adoção das medidas cíveis e criminais cabíveis em face da profissional e isso será a maior resposta que poderemos dar a população.
De qualquer forma, reforçamos que o Hospital São Judas Tadeu é uma Instituição séria e respeitada, com histórico de excelência em serviços prestados à população cuiabana há mais de 35 anos.
Sempre atuamos com profissionais sérios e comprometidos com a ética e o bem estar dos pacientes e assim permaneceremos nossa caminhada.
Com Olhar Direto