Idosos são resgatados em condições análogas às de escravos em fazenda de MT
Dois idosos foram resgatados em condições análogas às de escravo em uma fazenda localizada na zona rural do município de Juína-MT. Os trabalhadores, um de 69 anos e outro de 62, foram contratados para retirada de vegetação e plantio de capim para formação da pastagem. O primeiro ficou no local por sete meses e, o segundo, por 10 dias.
A operação de resgate, conduzida por procuradores do Trabalho e técnicos de Segurança do Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso (MPT-MT), por auditores fiscais do Trabalho e por policiais civis de Alta Floresta, foi deflagrada em 25 de fevereiro e concluída no dia 1º de março.
Os trabalhadores viviam em um barraco de lona construído no meio da mata, que não os protegia das chuvas nem dos animais peçonhentos. Quando a bomba de água não funcionava, o que ocorria com frequência, os dois tomavam banho em um riacho próximo (chamado córrego das Onças), sem nenhuma privacidade. Também faziam as necessidades fisiológicas no mato, a céu aberto. Dormiam em camas improvisadas – colchões velhos e sujos sobre tábuas e toras de madeira.
Da mesma forma, não havia local adequado para as refeições: comiam no chão, em um canto qualquer. Também não era disponibilizado local para conservação dos alimentos. Não havia geladeira nem energia elétrica.
Um deles chegou a reclamar da qualidade da comida: “já emagreci uns quatro quilos desde que cheguei aqui, pois a comida não é boa”. Ele também sofreu com um ataque de abelhas. “Quase morri. Tomei mais de cinquenta ferroadas da ‘oropa’ [abelhas]”.
Quando a água que vinha da fazenda vizinha, que se solidarizava com a situação das vítimas, acabava, os idosos bebiam água do córrego que ficava perto do barraco de lona. Foi relatado aos integrantes da operação que os empregados nunca tiraram folga ou gozaram de descanso semanal.
Com Olhar Direto